APRESENTAÇÃO

Ao olhar para a linha da minha vida, facilmente encontro um elemento que me acompanhou desde muito cedo: a paixão pelos livros. Na adolescência, a minha imagem de marca era andar sempre acompanhado por uma bolsa de pano onde levava dois livros para ler à sombra dos freixos e, quando o sono era muito, metê-los debaixo da cabeça a servir de almofada, como se o seu conteúdo pudesse ser absorvido por osmose. Foram dezenas de livros que compulsei nessa fase e o hábito de ler enraizou-se de tal forma que ainda hoje o mantenho. A escrita veio mais tarde quando as sebentas da universidade ficaram arrumadas e libertaram horas para o ato criativo.

Professor como profissão e viciado em livros, escrita e sudokus por necessidade terapêutica, é no esforço criativo que encontro maior motivação para desvalorizar tudo o que possa correr menos bem à minha volta porque é no mundo da ficção que me sinto senhor absoluto dos planos e realizações que me entusiasmam.

Nesse espaço de liberdade, as páginas A5 foram-se acumulando e, como só escrevia pelo prazer retirado daí, pude dar-me ao luxo de evitar palavras que me soavam a pesadas ou banais e de outras que nem eu sei bem porque me causam cócegas. Eis porque nos textos narrativos e dramáticos produzidos até ao final de 2024 sempre fugi da palavra não e de qualquer tempo ou modo do verbo dizer, aquela por ser demasiado forte e carregada de energia negativa e este por haver centenas de formas de traduzir a mesma ideia com maior acutilância. A ausência deliberada da palavra é apenas por sentir que é desnecessária na frase.

A opção por evitar estas palavras aconteceu numa fase avançada da minha escrita e foi necessário expurgar os textos desses tumores. A tarefa revelou-se extremamente fácil quanto ao verbo dizer e à palavra , mas o advérbio de negação tinha, em muitos ..casos, raízes tão profundas que se recusava a sair sem beliscar a ideia original. Consegui. A partir daí, tudo foi mais fácil porque as frases passaram a ser elaboradas sem contar com esses vocábulos.

Há outra opção que merece uma advertência e justificação: todos os textos narrativos começam com uma quadra no início e algumas quadras a cada três ou quatro páginas no original em páginas A5. Gosto de me colocar no papel do leitor e essa mancha gráfica ajuda a tornar mais fácil a leitura, funcionando como um momento de pausa e impulso ou trampolim para o que vem a seguir.

Tenho uma mini coleção de selos e de flores digitais, mas há um hobby que me fica mais barato e quero continuar a manter: dívida de gratidão. Tal qual.

Estou imensamente grato a quem me ajudou a chegar até aqui e fico antecipadamente agradecido a quem me ajudar a ser cada vez melhor em tudo o que faça daqui para diante. Todos os textos e materiais usados são meus até ao dia da divulgação e passam a ser nossos a partir do momento em que os aceitam como se apresentam ou após sofrerem qualquer alteração sugerida e aceite que julgue útil e necessária.

É assim o blog HORA DE NOA que pode ser lido a qualquer hora: tércia, sexta e noa.

Espero que seja do vosso agrado.

Júlio Rocha (14/2/2025)

Comentários

Mensagens populares deste blogue

CASTIGO

QUERIDO DESTINO